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Cores

  Entrei no quarto com meu bebê no colo e coloquei dois tatames no chão. Ele tinha seis meses naquela época. Peguei alguns brinquedos pequenos — chocalhos e outras coisas simples — para brincar com ele. Cada dia era tão longo... — O que eu vou fazer hoje com um bebê em casa o dia todo? — me perguntava, com muito sono e ansiedade. Eram 6h30 da manhã, e pensar que era do meu filho que eu estava falando me deixava ainda mais ansiosa. Continuei. Peguei também legos de textura suave e de encaixes simples, livros de tecido e algum que outro carrinho de bebê. Coisas que tínhamos ganhado de amigos ou recebido de presente. Eu ainda não sabia o que comprar para ele. Comecei: — Os verdes com os verdes, os azuis com os azuis, os amarelos com os amarelos... Cada brinquedo tinha uma casa no chão. Me detive, pensando por que tinha comprado tatames de cores diferentes — isso dificultava minhas classificações. Lembrei: naquele dia, na loja, só havia três amarelos e eu precisava de cinco. Resolvi co...

Autobiografia desde uma nova perspectiva

  Eu nasci em 1986 numa cidade pequena, Santa Fe, Argentina, do desejo de meus pais, Mariale e Luis, que me cuidaram sempre com muito amor e carinho. Em Santa Fe também moravam minha avó materna, a Porota, e a paterna Elsa e perto também minha tia Moni, tia por parte de mãe e seu marido, meu tio Hugo, com meus primos Polaco e Facundo, algo maiores a mim. Moramos em uma casa de aluguel durante um tempo e depois fomos para um apartamento pequeno que minha mãe conseguiu comprar com um crédito. Sou lembrada como uma bebê boa que só chorava por fome ou sede e era muito tranquila. Me falaram que comecei a rir em sociedade após meus 3 anos e que sempre fui muito séria e tímida. Mas aos meus 4 anos fomos morar em um povoado de até no máximo 3000 habitantes, a 50 km ao norte pela rodovia nacional número 11, Llambi Campbell. Era a terra dos meus avôs paternos, um local puramente agropecuário, onde recebemos uma enorme casa antiga e bela por herança. Nesse povoado morava meu tio Mario, tio po...

Sei

Primeira parte Eu sei o que você quer Para mim Eu sei o que não terei de fazer  Mas também Sei pensar e sentir Eu jamais serei quem fui  Chords Um dia acordei Um dia eu sorri Um dia eu vi  Que eu sou quem sou Que ninguém poderá  Abater-me Não poderão Segunda Parte Eu sei que vai me cobrar Esta dor Eu sei que terei de lutar Mas também que valeu Tudo o que risquei Jamais esquecerei meu grande valor Chords Um dia acordei Um dia sorri Um dia eu vi Que sou quem sou Que ninguém poderá Abater-me Não poderão

Eu tinha tudo mas não era nada

I Eu era nova muito nova e já tinha tudo.  Tudo aquilo que os outros queriam. Mas aquilo -para mim- não era conquista, pois ainda eu não tinha o mais básico da vida; ainda eu não tinha  consciência da minha fome da minha sede do meu cansaço do meu sono  da minha identidade. Eu tinha tudo o que dizem ser importante:  carro, dinheiro, um app frente ao mar, trabalho permanente, uma família que me amava, amigos leais, vizinhos gentis. Tinha até o amor da minha vida. Eu tinha um passado  cheio de conquistas incomuns     daquelas…                              das difíceis. cheio de objetivos alcançados                                    ...